Júlio Santos, um comunicador de Ciência

Júlio Santos, biólogo de formação, é o chefe do Núcleo de Cultura Científica do IBMC-INEB (Instituto de Biologia Molecular e Celular). Este instituto desenvolve actividades de investigação e tornou-se cada vez mais comprometido com a promoção pública da ciência.

Assim, a "comunicação de ciência" é um assunto de que Júlio fala prontamente. “A ciência sempre existiu e nós, no dia-a-dia podemos fazer ciência, afirma o biólogo. Questionado sobre se a actividade científica “fechada em laboratório” faz sentido, Júlio explica que desde que se enraizaram os valores da democracia, a ciência passou a ser uma actividade que vem da sociedade e que trabalha para a sociedade. Descreve o século XX como uma “explosão” em termos científicos, o que veio aumentar ainda mais a necessidade de estreitar a relação do público com a ciência. “É preciso saber até onde podemos ir, o que é que podemos dar e sobretudo saber criar um diálogo para que as pessoas se aproximem deste conhecimento, vivendo-o como uma unidade produtiva”.

Para colocar em prática este diálogo, o IBMC recorre, por exemplo, aos “workshops”. Se o objectivo é levar a ciência até ao público é preciso que os cientistas saibam expressar-se de forma simples. Assim, o instituto promoveu o "Comunicar Ciência", realizado em 2006. “Este workshop tem um objectivo muito específico que é preparar os cientistas para interagirem das mais diferentes formas com o público: pode ser através da participação em feiras, entrevistas, saber estar numa televisão de forma a facilitar a comunicação”, explica Júlio Santos.

Além deste workshop realizou-se em Junho deste ano o "II Encontro Comunicar Ciência", dirigido a um público mais vasto: investigadores, jornalistas, professores, artistas e outros interessados. “No primeiro encontro estiveram presentes 50 pessoas e desta vez tivemos cento e tal”, revela com satisfação o coordenador. Júlio afirma, a propósito deste encontro que “comunicar é uma necessidade e não um capricho”. Explica que podem definir-se dois tipos de comunicação de ciência: uma estratégica, através de campanhas de marketing e uma “comunicação mais social”. Neste caso, aponta como objectivo “beneficiar a população da região com aquilo que o conhecimento pode produzir”. Neste último tipo de comunicação insere-se o projecto "Põe-te a milhas das Pastilhas". Este estudo prova que consumir ecstasy leva à degradação progressiva dos neurónios e tem como público-alvo os alunos do 9.º ano.

É preciso não esquecer que “a eficácia dos meios utilizados na comunicação depende do público”, tal como refere Júlio. “Se queremos chegar às escolas, podemos, por exemplo, actuar sobre os professores. Os meios são os mais diversos e têm de ser adaptados à especificidade da comunicação da ciência”, esclarece o biólogo. Acrescenta ainda que “isto pressupõe educação científica que é fazer com que as pessoas utilizem nas suas próprias questões o chamado método científico. Elaborar respostas formadas e não dizer acho que…”.


MarianAlbuquerque

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